quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Descontroles motivados.

Eu não me vejo de outra forma se não pugilatando essa vontade de sentir suas mãos em minha nuca, causando um agradável tremor... sentí-las acariciando o corpo - que pede o suor do seu- sentindo-as deslizando pelas porções ordenadas de pele vulnerável a calafrios. Eu sei que é isso o que suas mãos querem; certificar-se de que meus arrepios chegaram ao seu ápice.
Me revolta um pouco essa sua satisfação frente ao arrivismo do meu intenso querer, tendo ou não o 'te' precedendo esse verbo tão inescrupuloso.Impressiona a ficção que crio. Impressiona porque eu seria capaz de ceder minha existência apenas para ter a prova de que a junção de nossas cores é realmente a exata cor que imagino. Cor que de tão bela será como o verde de um semáforo, será nosso sinal de permissão a partida. Em que qualquer arritmia há de ser enlatada ao lixo. As nossas roupas já no chão quase não nos deixam ver o vapor abandonando nossos corpos cadentes. Corpos. Outro se torna a extensão de um. Minhas volúpias acompanham sua carinhosa violência. Nossos olhos se fixam, se desviam, se fixam novamente. Nossas línguas se desvendam milimetricamente, se encontram, se perdem entre pêlos aprumados. E nesse momento não existe nem outro planeta. Apenas você, eu, a ferocidade e todos os gemidos que meus ensaios já estão exaustos em ouvir enquanto sua presença era só imaginada.
Contigo posso ser quem quero. A mais recatada, a mais sem pudores, a daquela noite, a de todos os dias, posso até ser eu: a que grita por seus beijos todo o tempo, a que luta contra uma necessidade incondicional de sentir seu peso sobre mim... Eu: a que fará sempre algo que faça-lhe me querer como te quero e que esse querer não acabe. E que minhas curvas sejam eternamente o motivo do seu descontrole.
Minha libido não é compatível a outra cama se não a nossa e a outra carne se não a sua.