terça-feira, 9 de março de 2010

Sempre à procura

Eu, como todo bom ser humano, estou sempre perdendo oportunidades. Não importam as inúmeras vezes em que a gente dá com a cara na parede, tem momentos que parece que todos nós estamos viciados naquela tragédia, como se estivéssemos totalmente acostumados com aquela pilha de problemas indesejáveis, chamando por uma solução.
Eu, como toda garota, estou sempre perdendo amores. Não importa tudo o que foi aprendido com experiências passadas. É que eu realmente não consigo me contentar com aquele pensamento de que "o amor é assim mesmo, vem com o tempo e a gente se acostuma". Falem por vocês, pois eu não concordo com isso e temos de seguir a procura, salvo quem já tenha encontrado um pra toda a vida.
Mas as oportunidades batem à nossa porta enquanto dormimos com a tevê em volume ensurdecedor. Com o amor não é diferente. No entanto, descobri que "procurar", muito mais que vestir a roupa de Indiana Jones e sair numa caçada enlouquecida pela pecinha que nos falta, é um estado de espírito.
Estou aqui, sentada à frente do computador, no conforto do lar. Mas estou procurando. Procurando o que já encontrei, ou no caso de uma amiga, procurando ser encontrada. E o que meu deu a certeza de um final feliz é a ligação que acabo de receber com a notícia de que a entrevista de emprego que havia perdido no final do mês passado foi remarcada.
Basta querer ser encontrada.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

No quarto ao lado.

Você está ali, dormindo na cama onde residia meu medo de que nunca viesse pra ficar. Você veio. E ficou.
Publico esta postagem, e novamente irei abrir a porta - que por tantas imaginei sendo aberta com cuidado por você ao se exaustar de ser o Jaime profissional - e nossas peles vão colidir. Línguas também. E lá vai estar o lençol novo azul, ainda sem aquele aroma do homem que me permite sentir aquele amor pelo qual dou a vida e você desengonçado entrelaçado nele, a pele quente...

[Pós-erro sobre o lençol e a pele nem tão quente assim]
O beijo sonolento. Fechei os olhos. Os dele nem se abriram para poder serem fechados antes do beijo.
"Boa noite, meu amor..." sibilei com o hálito de quem escovou os dentes há alguns minutos. Me deitei no pouco espaço que livrava-se das suas costas. Seus cabelos passearam em meus dedos. Até amanhã. Preciso cochilar pra, pela manhã, te levar ao portão e desejar um dia bom e te ver ir ao ponto do transporte público.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

- 3

"Deixe-me apresentar minha esposa. Tanya, essa é minha Bella.".
Desta vez não havia um prólogo escrito por ele. Nossos dias foram tão cheios de... nós, que a dedicatória no "Breaking Down" não pertencia a lista de prioridades; nem em último lugar.
Sempre que eu lia, o sonho vinha. Hoje essa regra fez-se desfeita. Por si.

Caralho, isso tá ficando uma merda. Não era nada disso que eu tinha escrito.

Tenho vislumbres do seu rosto nas paredes. A polivalência desses clarões comprime por todo meu abdômen.
Percebi a janela aberta quando seu cheiro passou sibilando por mim.

Desisto de me aliviar.

sábado, 31 de outubro de 2009

Acorde-me quando o comércio estiver intransitável e houver pisca-piscas em minha janela.

"O pior livro do mundo para a melhor namorada do mundo". Assinado e datado dia 27 de outubro. É o que diz as letras mal-grafadas pela pressa na segunda ou terceira lauda de apresentação do livro que fechei e deixei de lado, quase embaixo do travesseiro. Terei de reler todos os parágrafos, passar os olhos distantes sobre todas as mesmas palavras que fingi estar atenta. Não sei pra quem fingi, pra mim mesma não era.
O poste que existe em frente a minha casa envia, sem querer, um pouco de luz pro meu quarto; janela e cortina estão abertas e eu com essa mesma involuntariedade eu faço sombra na parede. Fiquei surpresa em ver que, ao invés extremamente sensível, eu estava entorpecida ao chegar em casa, me deitar e tentar me distrair. Não sinto o colchão sob meu corpo, não senti nem o livro em minhas mãos enquanto ele ainda estava envolvido por elas. Não conseguia entender nada. Vou dormir. Ainda assim não vai fazer sentido algum, mas quero fechar os olhos por um tempo. Curto não, por favor. Quero sentir que meu coração pode bater quando eu olhar o calendário e, com êxtase, perceber que o natal chegou e preciso estar em Porto Alegre 3 segundos depois.

Aqui para não ficar perdido no amontoado de coisas que minha inconsciência guarda.

O que aconteceu naquela rodoviária ontem foi o amor começando a se prontificar. Como pessoas se preparando para o fim do mundo.

sábado, 3 de outubro de 2009

O que sinto as 20:15hrs

Tenho a sensação de coração ensenzalado. Tenho a sensação de correntes em meus punhos. Tenho a sensação de punição em praça pública. Mas me vejo de boca aberta ao perceber que a Lei Áurea pouco significativa seria agora. Esse gênero de escravidão me agrada de todas as formas imagináveis.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009