quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ele é o Quebra-Nozes, mas susbtitui nozes por sentimentos.

Eu me sentia dentro daqueles pesadelos em que é necessário correr e se não o fizer logo, lhe custará a vida. E eu tinha a sensação de que menos me movia quanto mais queria estar longe de qualquer carvão lapidado. Provavelmente eu jamais entenda essa extraordinária ameaça. E quanto ao Sr. Castro, eu tentava explicar-lhe essa sensação de prisão e imobilização em pesadelos, mas ele insistia em negar um sentimento que não pertencia a ele, e sim a mim! Fiz o mesmo anteontem ou antes, não sei. Mas as situações eram de um contraste cegante. O fato era de que nesse pesadelo se eu não corresse, seja lá de qual monstro fosse dessa vez, eu perderia a vida. Mas minha vida, desde a aparição dele, se tornara algo de valor irrisório, talvez nem irrisório, mas nulo. Eu me importava com o elo entre Sr. Castro e eu. Aquilo sim me valia algo. Aquele elo, que depois da leitura frente a luz fraca daquele computador, já me fazia converter a força em insegurança. Era a primeira vez que via algo de tamanha ambiguidade, de firme e não ao mesmo tempo.
Antes de começar a ler, pensei:"Pela extensão do email, de boa coisa não se trata. Pra falar de amor ele não gasta tanto, é sempre direto." e depois de pairar os olhos sobre aquelas palavras tão impactantes, tão duras, tão... pontiagudas, vi que não estava errada. Por algum motivo insondável a distância entre ele e eu pareceu triplicar, quadruplicar. Tipo distância continental.
Tive a sensação de coração trincado. Depois quebradiço. Depois estilhaçado. Aliás, tudo que remeta a ele me faz inteiramente quebradiça. Li o último email. Coloquei a mão no peito e senti que ele pulsava rápido demais sob minha palma. Uma dormência do pé subiu a cabeça. Minha indignação responderia por mim. É como se minha cara de tormenta criasse dedos e digitasse tudo o que meus olhos repeliam em lágrimas naquele momento exato segundo. Cliquei em 'enviar'. Fechei aqueles quadradões.
Seria um sacrifício caminhar até minha casa. Queria deitar-me por ali mesmo. É menos martirizante não dormir onde, no início do dia, eu acordei do meu cochilo de minutos com a certeza (não tão certa afinal) de que meu coração estava em boas mãos. Que direito ele tinha de pormenorizar meu amor assim? E esse tipo de pensamento fazia minhas pernas mais rígidas, o chão me segurava. Só assim pra que eu pudesse sentir que havia concreto sob meus pés. Não me diria sem chão, mas sem teto e paredes, com toda certeza que sim.
Já na esquina de casa, eu mudara de opinião e agradecia a Deus por estar próxima a meu "lar". Eu poderia tomra banho e desejar que houvesse uma ducha de ácido sulfúrico no lugar de água do chuveiro para que eu, corroída, ficasse só em ossos. Assim eu não teria coração e consequentemente não sentiria essa dor que tanto me entorpecia.
Habitualmente estava com as mãos no bolso do moleton e senti o alarme silencioso do celular. Antes da tragédia envolvendo emails eu havia contatado Sr. Castro em sua residência. Ou aquilo se tratava dum retorno a ligação ou a réplica que fiz em seu @hotmail.com. Pensei dominantemente em não atender. Deixá-lo pensar que, por ventura, ele pode ter cravado uma estaca de ferro na minha ferida ao expor a sua. Foda-se, a voz dele TALVEZ mudaria o rumo que deu a meu quase fim de noite. Apesar das lágrimas, das desculpas, dos desejos esmagados de palavras doces, eu me sentia bem enquanto seu timbre chegava suavemente ao meu ouvido direito. Até o dizer mais delicado do planeta soaria grosseiro comparada a voz do homem dos meus sonhos.
Em nossos minutos trocando palavras eu me senti inteira. Senti sangue em veias novamente. Era como se meu peito nunca tivesse sido esburacado. Eu não estava curada e sim, perfeita, sem ferimento algum.
Isso até desligarmos o telefone.
Isso até eu tentar dormir.
Isso até eu lamentar por não consegui dormir.