terça-feira, 1 de setembro de 2009

Que (não) lateja ou (não) faz latejar.

Luiza se vira na cama. A falta que ele faz a ela faz com que seu corpo inche, como se há muito não tivesse mais alma. É quase terça-feira. Nunca quis que a semana passasse tão ligeira. O coração parece ultrapassar os ossos e só a pele peitoral faz barreira de impedimento de pulsos fora do lugar.
Luiza se vira novamente. O vento move docemente as cortinas. Ela queria sumir. De si. E só reaparecer nele; com ele. Entreabre a boca. Que vontade descomunal era aquela de sair correndo e só parar sob os braços dele; sobre ele?
Luiza queria aquele homem mais do que queria a vida. Desejava dormir de uma só vez todas as horas que faltavam para aquela porra de sábado. Ela se recusa a ouvir "o vazio" que insistia em tocar naquele quarto. A mão dele é que deveria recolher essas lágrimas. Por mais pesadas que sejam, só ele era capaz de movê-las pra longe.
Luiza não tem sangue em veias latejantes. Se tem, não o sente. Não sente também sua capacidade de enxergar, de ouvir. 5 sentidos? Por que? Seu único sentido é a falta dum remédio que apenas ele tem, apenas ele é.
Por pouco não rasga as fotos que tem dele, apenas por terem feito-a chorar tanto, como se a culpa pela distância fosse do papel fotográfico.
Luiza se vira na cama pela última vez. Decide matar-se e ressucitar-se 4 dias depois.
Já é insensitiva.
Já não é ela.
Já não sou eu.
Somos nós. Nós dois.